Estas três relíquias, criadas pelo ser humano, são dos poucos "vícios" que ainda nos são permitidos nesta sociedade que cada vez mais restringe e limita os prazeres do Homem. Cada vez mais vivemos numa espécie de Liberdade proibida, imposta por criadores de leis que não são mais do que criaturas angelicais que tem como objetivo dar nas vistas perante os setores mais conservadores da sociedade.
Um café, um conhaque e um bom charuto são uma trilogia perfeita de sabores e aromas, mas que nem sempre é possível de combinar por diversas razões....
Há uns dias atrás, estava eu num restaurante próximo de Lagos no Algarve, e depois de umas lulas à sevilhana, retirei-me para a esplanada para o meu momento de prazer. Não foi um "cubano", mas sim um cigarrinho (de enrolar), também não foi um conhaque, mas sim uma aguardente velha (pequenina) e um café. Desfrutei ali do meu momento de prazer. Soube mesmo bem....
Passados uns minutos, senta-se um casal inglês ou irlandês (presumo eu) duas mesas ao lado. Rondavam os 60/65 anos. Ele, com mais de 100 kg, barbas brancas de meio palmo, cabelos longos e grisalhos e faces bem rosadas. Um homem com "ar imponente". Ela, com ar de empregada doméstica (com todo o respeito), magra, cabelo puxado para o lado e preso com um ganchinho, enfim uma "figura caricata".
Qual o meu espanto, quando chega a empregada com dois cafés (um duplo para a senhora) e dois conhaques em balão (enorme) aquecido. Até aí tudo bem. Mas, eis que o senhor tira uma charuteira de cabedal do bolso e de dentro dela dois cubanos a rondar os 20 cm um para ele e outro para a senhora. Ali desfrutaram do momento deles....
Surpreendeu-me, não o senhor porque o seu aspeto não enganava ninguém, mas não imginava a senhora com o seu ar franzino e pouco mais de 50 kg, a deliciar-se com a divina trilogia.
Outra surpresa foi o ambiente nada propício, a tão deliciosa mistura de aromas/sabores, uma simples esplanada...
Depois de tantos anos de cigarros, café e conhaque e quando já me considerava um "catedrático" destes vícios, eis que me senti um verdadeiro amador...
Eduardo Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário