terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Quando o aprendiz tenta enganar o mestre.

Não me surpreendeu quando hoje ouvi Pedro Passos Coelho dizer que não se dirigia ao Prof. Dr.  Marcelo Rebelo de Sousa ao afirmar que o próximo Presidente da República deve ter um certo perfil, melhor "um perfil genérico", que ele próprio traçou. Segundo ele, deve ser e agir "mais como um árbitro ou moderador, evitando tornar-se uma espécie de protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político" ou da "popularidade fácil".
Para mim tratou-se, não de um recado, mas sim de um afastamento directo em praça pública do Professor à corrida a Belém. Não é necessário ser muito inteligente para perceber isto. Passos Coelho quer um candidato de preferência "igualzinho" a Cavaco Silva. O ideal seria um copy past e assim conseguiria o "perfil genérico" que tanto deseja para Belém.
Saiu-se mal. O Prof. Marcelo não é um ignorante e apanhou a dica, coisa que Passos Coelho não está habituado. 
Esta legislatura tem sido pautada por actos e atitudes que "roçam" a ditadura, mais parece uma "falsa democracia" ou uma democracia encapotada, criada pelo próprio executivo. O hábito ou a tendência de fazer dos outros estúpidos ou ignorantes nem sempre resulta e os discursos para incultos, muito típicos dos grandes ditadores, também já não são uma boa estratégia em democracia, mesmo que esta não seja verdadeira.
Neste duelo de ziguezagues e indiretas entre aprendiz e mestre, o mestre saíu-se melhor, deu uma lição, mostrou não ser um ingénuo político e saiu de cena de cabeça erguida.
Qualquer cidadão minimamente informado sabe que as palavras de Pedro Passos Coelho visavam o Prof. Marcelo, e esta tentativa de exclusão (aparentemente conseguida) deve-se única e exclusivamente às verdades (em linguagem acessível a qualquer cidadão), que este tem dito em directo na TVI, sobre os malabarismos do XIX governo constitucional. 
Que Pedro Passos Coelho não o queira assumir é uma coisa, mas certo é que com um "golpe baixo" conseguiu,  enquanto desenhava o seu "perfil genérico", afastar de imediato um forte candidato a Belém.
Não é muito correto em democracia! Mas tal como eu disse......
Eduardo Dias  

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