Hoje, o "jornal da uma" da TVI teve início com três notícias/intervenções de membros do governo de Portugal. Com qualquer uma delas senti mais uma vez que os argumentos usados pelos nossos ministros têm como principal objectivo vangloriarem-se a eles próprios e ao seu trabalho, fazendo dos portugueses ingénuos e ignorantes.
Na primeira, a ministra da Justiça inaugurava a sede da polícia judiciária, uma das maiores do mundo (e nisto é que nós somos bons) e a sua primeira preocupação foi dizer que conseguiu reduzir o preço da obra de 103 para 85 milhões de euros "coisa que outros disseram não ser possível". Quanto à primeira parte há que dar mérito, a segunda era desnecessária e já agora, se a Parvaloren não perdoasse os 17 milhões de euros à empresa de Filipe Vieira e do seu sócio e o (desleixo do) tribunal 1 milhão a Jardim Gonçalves o estado poupava mais 18 Milhões (18+18=36 milhões) o que era melhor. Os recursos humanos, a dignidade das pessoas e as condições de trabalho, ficam para outra altura.
Na segunda, o ministro da Administração Interna veio enaltecer "a atitude irrepreensível" das forças de segurança na manifestação destas mesmo, no passado dia 6 de Março. Pergunto eu? Será que para manter a ordem, numa manifestação de forças de segurança, é necessário um dos maiores dispositivos de forças especiais vistas em Portugal? Será que confia nas suas forças de segurança? Foi para si um exemplo irrepreensível aos olhos portugueses? Senhor ministro, não somos ingénuos e sabemos que nem tudo vai bem.
Na terceira, o primeiro ministro falava de um "manifesto de reestruturação da dívida" assinado por figuras nacionais de renome e de vários quadrantes. Políticos (esquerda e direita), ex ministros das finanças, Economistas, empresários etc. e que pretende ser um "apelo de cidadão para cidadão".
Já se esperava a resposta negativa do primeiro ministro e este justificou-se com a "mensagem errada aos mercados" e com "a mensagem errada a todos os países que esperam que Portugal cumpra as suas obrigações". Será que o primeiro ministro não sabe que reestruturar a dívida não é deixar de pagar? Será que o manifesto não merece sequer uma análise rápida, atendendo às figuras envolvidas? Será que as setenta personalidades é que estão erradas e o primeiro ministro correcto?
Não. É a dificuldade em aceitar a opinião dos outros. Este manifesto só teria sucesso se tivesse a assinatura de Angela Merkel e, mesmo assim os mercados e os outros (que nos ajudam/roubam) estarão sempre à frente dos portugueses. É triste.
Embora nos queiram fazer passar por isso, nós portugueses não somos ingénuos, não somos parvos e muito menos ignorantes....
Eduardo Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário