Quando os subscritores do "manifesto pela reestruturação da dívida pública" o assinaram, provavelmente não imaginavam que este documento iria provocar, quase que, uma "hecatombe" nas hostes políticas portuguesas. O número de vítimas, odiados, enxovalhados, mal tratados e descredibilizados de que têm sido vítimas os subscritores deste "célebre" documento soma e segue.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ter-se-á sentido ofendido e começou por dar o exemplo assim que soube do documento e que dois dos seus consultores o tinham assinado. Exonerou de imediato Vítor Martins e Sevinate Pinto. Atitude lamentável (mais uma) do Presidente da República, mas que, serviu pelo menos para estes dois senhores consultores (funcionários da Presidência da República) saberem o que é a "verdadeira" democracia em Portugal.
O primeiro ministro também reagiu de imediato e bastante irritado, como tem andado nos últimos tempos, não deixou de considerar que falar em reestruturar a dívida pública é masoquismo e que "essa gente" que assinou o manifesto, não estão mais do que a "negar a realidade". De uma assentada, o primeiro ministro descredibilizou 74 notáveis da sociedade portuguesa (com uma linguagem pouco digna de um primeiro ministro) e deitou por terra o célebre documento.
Para mim, se falar em reestruturar a dívida pública é masoquismo, então cortar salários, cortar pensões, cortar no estado social, na saúde e na educação não o será? Assim, e como referiu Nicolau Santos no Expresso, também eu prefiro ser masoquista.
Também o FMI (o maior saqueador do universo) opinou negativamente. Reestruturar nem pensar, há que pagar o mais rápido possível sem olhar as consequências já que assim aumentam as probabilidades de cá voltar uns anos mais tarde.
Bagão Félix, um dos subscritores, foi dos primeiros a reagir ao "enxovalhamento público das 74 vítimas" e atacou forte os alinhados à troika e em especial o primeiro ministro. Segundo Bagão Félix, tendo em conta a actual situação do país e a presença da troika em Portugal, não podemos falar em reestruturar a dívida ou opinar sobre ela porque assim podemos melindrar alguém (primeiro ministro e presidente da república incluído), lançar sinais errados aos "assombrosos" mercados ou ferir o "embuste" a que chamam troika. Concordo.
Perdemos a soberania, somos roubados mês após mês, a liberdade é cada vez mais limitada, mas não nos vão (conseguir) obrigar a "enterrar a cabeça na areia"!
Permitam-me concluir que o grupo dos "alinhados à troika" se consideram as pessoas mais inteligentes do país....... Mas não o são, bem pelo contrário.
Eduardo Dias
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