Sempre fui crítico e cético a esta união de Estados (social, política e económica) porque sempre senti que se tratava de um domínio dos Estados mais fortes sobre os Estados mais fracos. Os "rios" de dinheiro (quadros comunitários de apoio) enviados para os novos países aderentes, pouco controlados na aplicação e com prazos curtos e rígidos, serviram de isco para a subjugação futura dos Estados mais pobres sobre os mais ricos, nomeadamente a Alemanha e a França.
Portugal, muito dependente do sector primário (agricultura e pescas) foi sem dúvida um dos países mais afetados e a aplicação da PAC (política agrícola comum) foi como que a "estocada final" para a dependência da União Europeia. A aplicação de quotas de produção, aliadas aos subsídios para desincentivar a produção agrícola e para abater frotas de pesca ao longo dos anos, deixam-nos agora numa situação de pobreza alarmante a fazer lembrar, ou relembrar, os tempos da ditadura.
Atualmente a situação complicou-se ainda mais com a chamada "crise dos mercados", embora eu lhe prefira chamar a ascensão dos especuladores, porque, são eles que propositadamente provocaram esta crise e, a pouco e pouco, a palavra "mercados" substituirá a palavra democracia. Exemplo disto, é o que aconteceu ultimamente na Irlanda, Grécia, Portugal e Itália, em que "os mercados" conseguiram derrubar governos democraticamente eleitos e substituí-los por "fulanos" ao serviço dos mercados vindos diretamente de instituições como FMI, BCE, etc. (Mário Monti-Itália, Lucas Papademos-Grécia, Vítor Gaspar (Min. Finanças)-Portugal etc.) e assim governar os países ao bom sabor dos "mercados". A seguir a estes 4 países, outros virão a seguir.
Pergunto eu:
Será que vale a pena exercer o direito de voto sabendo nós que passado pouco tempo os "mercados" vão substituir-se aos eleitores? A minha dúvida.
Será que ainda alguém chama de democracia o que se vive atualmente nestes países? Creio que não e se alguém disser que é democracia não conhece o seu conceito.

Como disse anteriormente, é a subjugação total dos mais fracos aos mais fortes. Esta subjugação agudizou-se nos últimos tempos com a "criação" do célebre "Bloco Franco-Alemão", melhor a "amizade Merkel/Sarkosy" ou melhor ainda a "aliança Merkosy" a fazer lembrar os tempos da guerra fria e que hipotecou por completo a União Europeia, se é que ela alguma vez existiu.
Atualmente vive-se uma falsa união de Estados dependentes do referido bloco, com um futuro incerto e hipotecado, em que quem impõe as regras são unicamente a França e a Alemanha. A maioria dos outros países, uns liderados por uma "cambada de lambe botas" e outros pelos novos mensageiros dos mercados, acobardam-se perante o seu povo, ignoram a História, abdicam da autonomia e aplaudem todas as decisões meticulosamente elaboradas pelo "bloco franco-alemão", melhor, a "aliança Merkozy".

Mas como nem todos são estúpidos, o Reino Unido deu no último Conselho Europeu uma lição ao "bloco franco-alemão", porque a maioria dos outros países são meros espetadores, do que é a soberania de um Estado e como se defende a História, a cultura, a autonomia e a democracia de um povo ao dizer não às pretensões da dupla maravilha da União Europeia: Merkel/Sarkosy.
Esperamos que a União Europeia não se transforme em desunião europeia, que os "mercados" não substituam as democracias e que a ascensão dos especuladores e o bloco "franco-alemão" sejam extintos de vez.
Eduardo Dias