
Qualquer cidadão neste país, independentemente do seu grau académico, sabe que os tribunais são um órgão de soberania independente e autónomo, onde se inclui o Tribunal Constitucional (TC). Os tribunais devem julgar pelas leis, leis estas criadas pelo poder legislativo.
A Constituição da República Portuguesa, é a lei suprema de todas as leis, criada pelo poder legislativo e pelas quais os tribunais julgam as decisões, actos ou atitudes de qualquer cidadão. A Constituição da República Portuguesa, é o bem mais sagrado de uma democracia, que penso eu ainda é o sistema político que vigora em Portugal.
Nos últimos dois anos, os atropelos à Constituição da República Portuguesa e as "farpas" aos tribunais, neste caso o Constitucional, têm sido inqualificáveis, reprováveis e muito pouco "democráticas". Problemático é quando estes "ataques" vêm de pessoas que representam outro órgão de soberania ( o poder executivo/Governo) a começar pelo Primeiro Ministro, Ministros, Secretários de Estado etc.
O facto de Portugal estar numa situação económica difícil, não é motivo para não se respeitar os tribunais e para ignorar a Constituição. Que eu saiba ela não se encontra suspensa. Continua e continuará em vigor, embora esta não seja a vontade de alguns governantes.
A última decisão do TC sobre a inconstitucionalidade de alguns pontos do Orçamento de Estado 2013, da qual não há dúvidas, deixou alguns políticos com uma certa "azia", mal humorados, choramingas e com uma sede de vingança não muito própria de um país democrático. Depois de no ano passado o TC já ter alertado para situações idênticas, os mesmos intervenientes voltaram à carga e ignoram de novo a Constituição. Houve mesmo alguns, com menos escrúpulos, a fazer pressão para que o TC fecha-se os olhos a algumas inconstitucionalidades. "Coisa feia" em democracia.

Não deixou de ser uma aula de iniciação ao direito, dada pelo TC, a tão ilustres alunos que são, imagine-se, a "nata" do poder executivo. Que ficaram muito mal na fotografia não tenho dúvidas mas espero que a lição tenha tido o efeito positivo e que não se voltem a repetir situações idênticas para bem dos cidadãos e da democracia portuguesa.
Note-se que Portugal ainda é um país soberano, tem uma Constituição que consagra os direitos e deveres dos cidadãos, e ainda por cá se aplica a teoria da separação de poderes ( a tal de Montesquieu): O legislativo, o executivo e o judicial.
Eduardo Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário